Um filho, residente na Casa de Maria Luiza – maio/25
Hoje é Dia das Mães por aí. Aqui, onde estou, não há calendário. Mas há saudade. E há silêncio.
Eu sou apenas mais um filho que partiu antes da hora. E hoje, em meio à imensidão deste novo plano, o que mais me pesa não é a morte. É a ausência dos gestos que deixei de ter com a minha mãe.
Ah, minha mãezinha… como eu queria ter dito mais vezes: “obrigado”. Como eu queria ter segurado tua mão com mais ternura, ter reparado nos teus olhos cansados depois de um dia inteiro de luta por mim. Como eu queria ter pedido perdão pelas minhas impaciências, pelas grosserias disfarçadas de cansaço, pelos silêncios carregados de orgulho.
Hoje eu vejo com clareza que cada bronca tua era amor. Cada conselho repetido, uma tentativa desesperada de me proteger. Cada lágrima escondida, um grito de cuidado que eu não quis ouvir.
E eu? Eu achava que teria tempo. Que poderia fazer depois. Que mãe “entende”, “aguenta”, “vai estar sempre ali”. E fui adiando. Adiando beijos, abraços, palavras e até simples olhares. Fui deixando para depois o que era sagrado: a gratidão.
Hoje, minha mãe ainda me sente. Eu sei. Porque o amor não morre. Mas como dói saber que eu poderia ter sido muito mais. Que eu poderia ter feito diferente. Que eu poderia ter sido melhor para ela.
Se você está lendo isso, e tem sua mãezinha aí ao seu lado, por favor… pare tudo agora. Ligue para ela. Vá até ela. Abrace-a como quem sabe que não tem o amanhã garantido. Perdoe. Peça perdão. Diga que ama. Faça por ela hoje o que eu só posso desejar em pensamento.
Não se esconda atrás dos melindres, dos orgulhos, das picuinhas. Tudo isso é tolice. É perda de tempo. E o tempo… ah, o tempo não espera ninguém.
E se sua mãezinha já partiu, saiba: ela não te esqueceu. Nenhuma mãe esquece um filho. Ela te vê, te ouve, te abraça com o coração. Fale com ela. Diga o que não disse. Agradeça. Honre a memória dela sendo hoje a melhor versão de si mesmo.
O amor atravessa dimensões. A vida não termina com a morte. Mas o tempo de demonstrar amor é agora.
Se eu pudesse voltar, eu faria tudo diferente. Eu daria menos importância aos problemas, e mais atenção aos olhos dela. Eu faria menos barulho com minhas razões, e mais silêncio para ouvir o coração dela.
Hoje, eu sou só saudade. Mas você ainda é presença.
Cuide da sua mãe. Enquanto é tempo.
Por ela. Por você.
Um filho que perdeu a oportunidade de cuidar de sua mãe, morador em Maria Luiza.