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– Quando conheci Jesus

Mensagem de Francisca (Ica), Moradora da Colônia Alvorada Nova

Novembro, 2025.

Por quase meio século, vivi sem me lembrar d’Ele.

Sabia que Jesus existia — quem não sabe? —, mas o via como um vulto distante, uma figura dos vitrais e dos sermões, não alguém que caminhasse comigo.

Tinha pressa, planos, vaidades pequenas e dores grandes.

Achava que bastava ser “boa pessoa”, sem perceber que bondade sem amor profundo é flor de um dia só.

E foi assim, meio distraída da eternidade, que cheguei aos meus quarenta e nove anos.

Foi quando a vida me chamou à conversa mais séria de todas.

O diagnóstico veio como um trovão: câncer de mama.

No primeiro instante, revoltei-me. Questionei Deus, temi a morte, temi a dor.

Mas — e hoje digo isso com gratidão — foi o câncer que me apresentou a Jesus.

Comecei a procurá-Lo como quem faz promessa, como quem troca:
“Senhor, cura-me, e eu prometo ser melhor.”

Era um amor de barganha, desses que ainda nascem do medo.

Mas Ele, que entende de corações apressados, não me negou atenção.

Em silêncio, foi se aproximando, e fez da minha dor uma escola.
Com o tempo, percebi que a cura que eu pedia era pequena diante da que Ele queria me oferecer.

Eu queria saúde no corpo — Ele queria paz na alma.
Eu pedia mais dias de vida — Ele me ensinava a dar mais vida aos meus dias.

E foi ali, entre remédios, lágrimas e preces, que aprendi a orar de verdade.
Não mais pedindo, mas agradecendo.
Agradecendo pela oportunidade de sentir, de entender, de amar.

Descobri que Jesus não mora apenas nas igrejas ou nos altares.

Ele mora nos gestos simples, no perdão que se oferece, na fé que não desiste, no sorriso que se dá mesmo em meio à dor.

Ele é a Luz da Galileia, sim, mas também é a luz dentro de cada um de nós — aquela que nunca se apaga, mesmo quando tudo parece escuro.

Com Ele, aprendi que ninguém vai a Deus senão pelo amor.

E ninguém ama de verdade sem antes se permitir ser amado por Ele.

Hoje, já há algum tempo liberta do corpo, olho para trás e vejo que o câncer foi a bênção que me libertou do orgulho e me empurrou para os braços de Jesus.

Ele me curou — não do mal que me consumia o seio, mas do mal que me roubava a alma: a indiferença.

Por isso, se algum dia o sofrimento te visitar, não o recebas como inimigo.

Talvez ele seja o carteiro divino trazendo um convite: o convite de Jesus para que o deixes entrar.
Quando Ele entra, tudo muda.
As dores não somem, mas ganham sentido.
O medo não desaparece, mas se curva diante da confiança.
E o coração, enfim, aprende o que é ser livre mesmo dentro das limitações da vida.

Hoje eu O amo — não por medo, não por promessa, mas porque Ele é a razão de tudo que respira, de tudo que brilha, de tudo que é esperança.