Mensagem de Estevão, aprendiz na Casa Transitória de Maria Luiza
Outubro, 2025.
Meus irmãos e irmãs,
Quando a dor física se aproxima, ela costuma bater à porta do corpo, mas quem a escuta, quase sempre, é a alma. O corpo fala, e fala com sabedoria. Às vezes, sussurra num cansaço constante; outras, grita em forma de enfermidade, tentando nos avisar que algo em nosso modo de viver se afastou do eixo do amor.
Há quem veja a doença como um castigo, outros como azar ou fatalidade. Mas a visão que o Cristo nos oferece é muito mais bela: a de que toda dor é um convite ao reencontro com a vida verdadeira — aquela que nasce de dentro, em harmonia com a lei divina e com os sentimentos mais nobres.
Quando adoecemos, o primeiro impulso é buscar o remédio, o médico, o exame. E isso é justo e necessário. Mas há um outro tratamento, silencioso e profundo, que não pode ser esquecido: o tratamento da alma. Ele começa quando paramos para perguntar: “O que minha vida tem tentado me ensinar por meio dessa dor?”
O corpo sofre, sim, mas muitas vezes ele está apenas refletindo a inquietação da mente, o medo que escondemos, o ressentimento que não perdoamos, a culpa que não deixamos partir. Quando a alma se congestiona de emoções não resolvidas, o corpo se torna o canal por onde elas transbordam.
Por isso, Jesus — o médico das almas — ensinou que a verdadeira cura é sempre interior. Ele curava corpos, mas, antes, tocava corações. Sua luz dissolvia a sombra do medo, e o corpo, livre da densidade da alma adoecida, se restaurava naturalmente.
Aprender a autocurar-se é, portanto, aprender a amar-se. É acolher-se nas fragilidades, perdoar-se pelos erros e escolher pensamentos que gerem paz. Cada pensamento de amor é um remédio invisível que o organismo reconhece. Cada gesto de bondade é uma vitamina espiritual.
Evitar doenças, no sentido mais amplo, é viver em sintonia com o amor. É cuidar do corpo sem escravidão, alimentar-se de forma equilibrada, repousar, respirar, mas também nutrir a alma de fé, esperança e gratidão. Porque, quando o coração vibra em gratidão, o corpo inteiro se reorganiza em saúde.
O convite é simples, mas profundo: observemos como temos vivido diante das nossas dores e doenças. Reclamamos? Negamos? Ou buscamos entender e aprender? A perspectiva que escolhemos muda tudo.
A fé não é apenas esperar um milagre. É ser o milagre em construção, pela transformação dos sentimentos, pela serenidade diante das provas e pela confiança de que nada nos acontece sem um propósito maior de amor.
Busquemos, pois, Jesus — não apenas nas orações de pedido, mas nas atitudes que revelam Seu Evangelho em nós. Quando o Cristo encontra abrigo em nosso modo de pensar e sentir, a alma se cura, e o corpo segue seu exemplo.
