Mensagem de Lúcia, habitante em Casa de Maria Luiza desde 1990 – agosto/25
Meus irmãos,
A vida, aqui ou aí, está cheia de coisas que passam. Algumas passam tão rápido que mal conseguimos perceber. Outras, ficam um pouco mais, mas ainda assim se vão. Acontece que, muitas vezes, gastamos a melhor parte de nossa energia, nosso tempo e nossa saúde com o que é passageiro — e tratamos o que é eterno como se pudesse esperar.
A roupa bonita, o automóvel novo, a opinião que deram sobre nós, a discussão que travamos, a inveja que sentimos… tudo isso tem prazo curto. Um dia, já não importa. Mas ainda assim, dedicamos a isso um cuidado exagerado, como se fosse determinante para a nossa felicidade.
O que é eterno, no entanto — o amor que cultivamos, o perdão que oferecemos, a paciência que aprendemos, o bem que espalhamos, a fé que carregamos — quase sempre recebe de nós uma atenção tímida, quando deveria receber nossa atenção diária e prioritária.
É como se tivéssemos invertido os pesos. Guardamos no cofre de nossa preocupação o que a ferrugem vai destruir… e deixamos à beira da estrada, exposto ao vento, o que deveria estar protegido e nutrido no coração.
Acontece que tudo que é passageiro está aqui para nos servir de instrumento, não de prisão. O dinheiro, a casa, os títulos, os aplausos — tudo isso é meio, nunca fim. E quando esquecemos essa ordem, adoecemos por dentro.
O que é eterno, meus irmãos, é aquilo que levamos quando partimos. São os laços que construímos, as lições que aprendemos, a paz que conquistamos. É o que não se perde, nem se gasta, nem se desfaz com o tempo.
Talvez fosse hora de, com simplicidade e coragem, recolocar as coisas em seus lugares. Usar o passageiro sem se escravizar a ele. Cuidar do eterno como quem cuida de um tesouro que precisa ser fortalecido todos os dias.
Porque, no final, quando o corpo descansar e a estrada continuar, é o eterno que seguirá conosco. E que seja leve, bonito, luminoso… porque foi construído com amor.
Com carinho e sempre na esperança,
Lúcia