– Chamados na Noite

Mensagem de Joaquim Tenório, residente na Colônia Alvorada Nova – Junho/25

Amigo leitor, venho de Alvorada Nova — um núcleo de trabalho e refazimento na Vida Maior — onde tenho aprendido o quanto o intercâmbio entre os mundos é mais constante do que se imagina. A distância que muitos creem existir entre o plano dos encarnados e o nosso é, na verdade, apenas uma questão de sintonia. Respiramos em planos diferentes, sim, mas somos almas em trânsito nas mesmas Leis Divinas.

Permitam-me contar um pouco sobre o que ocorre durante o sono físico, quando muitos de vocês, libertos momentaneamente do corpo denso, são convidados — por mérito, merecimento ou tarefa — a participar de atividades no plano espiritual.

Esses convites não são feitos por acaso. São dirigidos por irmãos mais esclarecidos que organizam, com antecedência, o aproveitamento da noite. A preparação começa já nas primeiras horas do dia: o que você pensa, sente e deseja influencia o tipo de sintonia que estabelecerá. Pensamentos vulgares, viciados ou desanimadores criam névoas em torno do perispírito, dificultando o desprendimento ou atraindo o espírito para zonas inferiores. Já pensamentos elevados, humildes e fraternos favorecem a elevação vibratória necessária ao bom encontro.

Assim, no recolhimento do sono, quando o corpo repousa, muitos de vocês são gentilmente desligados — com cuidado e técnica — por amigos espirituais, e transportados para casas de estudo, oficinas de serviço, grupos de esclarecimento e mesmo pequenas rodas de conversa fraterna. Há quem nos auxilie em tarefas de cura, de reconciliação, de preparo de palestras. E há quem seja acolhido para o bálsamo da escuta e da instrução.

O que se faz aqui, faz-se em espírito. Mas os reflexos vão para a consciência profunda. Por isso é tão importante o desapego e a vigilância. Quanto mais a alma se liberta dos vícios — do orgulho, da vaidade, do apego à opinião, das mágoas — mais leve se torna seu trânsito entre os planos. O vício, amigo, prende. O pensamento triste, obscurece. A preguiça moral impede o voo. Já a prece sincera, a gratidão sentida e o desejo real de melhorar são cordas luminosas que nos elevam com segurança.

Muitos despertam pela manhã com vagas impressões: um sonho que consola, uma ideia nova, uma vontade repentina de mudar. São vestígios daquilo que viveram de lá pra cá. E por que não lembram com clareza? Porque há um descompasso natural entre as frequências da matéria e do espírito. A memória espiritual se inscreve em outra linguagem, mais sutil. Mas com esforço, disciplina e prece, vocês conseguem fortalecer essa ponte. Escrevam, reflitam, meditem ao despertar. Muitas intuições se manifestam nas primeiras horas do dia, quando a alma ainda está envolta no magnetismo da noite vivida em espírito.

Eu não sou espírito puro. Sou um lavrador da alma. Venho de reencarnações ásperas, com muitos tropeços. Mas aprendi que toda noite é uma chance de serviço. Toda noite, amigo leitor, é também uma oferta divina. E como você a tem usado?

Prepare-se antes de dormir. Ore. Leia algo nobre. Silencie. Abandone a crítica ociosa, a queixa crônica e os ressentimentos. A espiritualidade não nos exige santidade, mas boa vontade. Quem tem sede de servir, será chamado. Quem vigia, será conduzido em segurança. E quem coopera de verdade, mesmo sem lembrar com clareza, desperta com paz no coração e disposição renovada.

De Alvorada Nova, sigo meu aprendizado. Mas quis deixar-lhe essa lembrança: a noite é caminho, não fuga. É trabalho, não esquecimento. Que cada sono seja também um reencontro com o que em você há de mais real: o espírito imortal em marcha para a luz.

Joaquim Tenório

Lavrador em Minas Gerais no final do século XIX, alfabetizado tardiamente, descobriu na leitura do Evangelho o pão do entendimento. Após o desencarne, foi acolhido em Alvorada Nova, onde atua como auxiliar em núcleos de estudos e orientação para irmãos em desprendimento durante o sono físico. Considera-se em tarefa de aprendizado contínuo, com ânimo firme e coração simples.

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