Mensagem anônima de um espírito morador da Colônia Alvorada Nova
Outubro, 2025
Há quem tema a solidão, como se ela fosse um castigo. Mas, na verdade, viver consigo mesmo é uma das experiências mais belas e desafiadoras que a vida nos oferece.
É nela que descobrimos o som da própria alma, o sentido das emoções que nos habitam, e a voz de Deus que fala baixinho, apenas quando o barulho do mundo se cala.
Muitos se ocupam tanto dos outros que se esquecem de si. Correm, ajudam, se doam, mas nunca param para se escutar. Outros se isolam, acreditando que estar sozinhos é o mesmo que estar em paz — e se perdem nas voltas da mente, sem direção e sem ternura.
Nem uma coisa, nem outra é viver bem consigo mesmo. Viver consigo é aprender a ser companhia de si, com doçura e honestidade. É compreender-se, acolher-se, e deixar que o tempo cure o que ainda dói, sem se exigir perfeição, mas também sem se abandonar.
O Evangelho nos ensina que “o Reino de Deus está dentro de vós”. Essa verdade é a chave: encontrar-se consigo mesmo é encontrar esse Reino, silencioso e luminoso, que pulsa no mais íntimo do ser.
Mas, para isso, é preciso parar de fugir de quem somos. Muitos correm da própria companhia porque se julgam em excesso — ou porque não querem encarar as sombras que ainda carregam. No entanto, a luz que cura vem sempre depois do enfrentamento amoroso daquilo que precisa ser olhado.
Não há cura sem aceitação. Não há paz sem reconciliação interior.
E reconciliar-se consigo mesmo é perdoar-se. É compreender que os erros cometidos foram lições necessárias. Que o ontem foi escola, e o hoje é recomeço.
A Doutrina Espírita nos recorda que o progresso é lei divina. E o progresso começa no coração de cada um, quando escolhemos crescer sem culpas, melhorar sem desespero, e servir sem vaidade.
Quem vive consigo em paz, vive em paz com o mundo. Aprende a respeitar o ritmo dos outros, a entender que cada alma está num tempo, numa etapa, num degrau da mesma escada que todos subimos, juntos.
Por isso, quando sentir-se cansado de si, não se castigue. Descanse. Respire. Converse com Deus, mesmo que em silêncio. Diga-lhe o que sente, o que teme, o que deseja curar. E Ele, com paciência infinita, tocará a alma, mostrando o caminho da serenidade e da aceitação.
Viver consigo é aprender a não desistir de si mesmo.
É ser o amigo que acolhe, o pai que compreende, o irmão que perdoa.
É confiar que o amanhã será sempre mais leve quando o hoje for vivido com verdade e amor.
Assim, meu irmão, minha irmã, busque Jesus também dentro de ti.
Ele está aí, onde mora a tua melhor intenção.
Escuta-O. Ele te falará sobre calma, sobre fé e sobre esperança.
E, quando aprenderes a viver bem contigo mesmo, estarás pronto para viver com o mundo — sem exigir, sem fugir, sem se perder.
Com ternura e amor,
Um Amigo da Espiritualidade
